Titouan Lamazou


"o amor, quando chega, traz arroz e damasco"


que delícia é o mundo!


três saguis-sem-trema vi pela manhã. corriam pelos fios de energia.
fazia sol. eu corria. quase nem vi sagui-sem-trema correr.
não quero ser almoço do urubu que vi lá fora.
não antes de dizer tudo o que penso, rir o quanto quero e ter o coração apertando de saudades.
não posso ser seu alimento antes de ter engolido o mundo e vomitado tudo outra vez.
se tens o céu, porque gostar tanto de vir pra terra comer?
o céu tão desejado por nós. nos mata de inveja e depois nos come!
urubu, sai da minha frente, que o céu já tenho.
vou buscar a minha gente pra zombar do teu bico sujo. que o céu juntos conquistamos.
vai rir em outras bandas, vai esperar comida em outro canto.
aqui a meninada caça e vive na desgraça do desencanto.
vai urubu, solta essas asas, espanta essas nuvens.
deixa de ser esse bicho tonto que não gosta de aventura.
para que a morte esperar?
vai, urubu, vai!
às vezes volto pra casa com a sensação de ter perdido uma parte de mim por aí.
às vezes o que perco é o mau humor, às vezes a tristeza, mas hoje o que deixei por aí foi minha alegria.
pode ser tpm prolongada, falta de amar, despedida ou até medo da segunda-feira.
não dá pra entender. às vezes é assim que acontece.
grande montanha russa do meu melindroso humor.
as linhas brancas impedem ou permitem.
as amarelas pedem que evitem.
os cabos negros levam cores a milhares de televisores e os muitos carros misturam cores sobre o asfalto cinza.
o céu azul de inverno, o verde dos parques e dos faróis que libertam motores a mil por hora.
os all stares vermelhos, roxos, verdes, pretos. os uniformes azuis marinho e os telhados cor de tijolo.
letreiros ambulantes cor de laranja. anúncios pulando de cor em cor frente aos nosso olhos.
e sorrisos brancos, barbas ruivas, loiras, negras...

ah! São Paulo, quem foi que te chamou de cinza?
é de se lutar, correr, sofrer, cair e voltar ao posto inicial!
as vezes é de se desconfiar. de se tentar descobrir a brincadeira da vida.
é estranho.
coincidências.

é querer muito ou é não querer?
só o tempo diz.
estes olhares, contratempo.
son hechos de aire.
perdiendose en la estratosfera se van entre pensamientos y aventuras que ya no tienen fin. si son de amor, ¿quien sabe?
son plumas que ligeras vuelan y solo vuelven a caer en suelo seguro. flotan. agotan los corazones, las miradas y las emociones.
burbujas a explotar y liberar cosas lindas y buenas al mundo. cuando estén abiertas las bocas o las cabezas, es ahi que se van. que se pierden y que encontran nuevas expectativas.


nubes de cristal.
é engraçado como as semelhanças são comemoradas.
deveria ser o contrário. quero comemorar as diferenças, as faltas de sintonia, a soma, não a igualdade.
ser igual é fácil. todos nascemos com dois olhos, um nariz, uma boca...moramos na mesma cidade, no mesmo país e as vezes no mesmo bairro. estudamos na mesma faculdade, conhecemos pessoas em comum, gostamos de músicas parecidas, filmes, artes e livros.
ser diferente é emocionante. cavocar as dissonâncias, buscar adaptações e novos caminhos. o melhor dos exemplos é a diferença homem/mulher. que dissonância seria mais gostosa, curiosa e linda que essa?

harmonia não é tudo, obedeça sua diferença.
quase nunca é festa. badalaçao.
é conversa com a alma.
a cada passo a palavra entra, sai e circula mente, alma e coraçao.
a insônia se resume na liberdade de caminhar pela noite. sem nada. sem ninguém.
é quando os gatos se escondem e os lobos vão a caça.
a distraçao maior é associar sons e imagens: criar e recriar roteiros. as histórias tão particulares que, possivelmente, nunca sairão dali.
se trata de momento. de esforço demais para lembrar as dores da caminhada de hoje.
é preciso tirar os sapatos. deitar com os pés para cima. fechar os olhos e simplesmente esquecer.

vou.
não sou do tipo sexy, nem conquisto com meu jeito de dançar.
menos ainda tenho roupas de marca ou uso peças de cair o queixo.
não sou simples, mas não chego a excentricidade. até estou (bem) longe disso.
minha voz tem dez anos a menos que eu. quinze quando estou ao telefone.
sou a que entra muda e sai calada quando não conheçe o território, mas quando sei onde piso: me segure, por favor!
aprendo a cada dia quem sou. e agora sei que de música não entendo, mas admiro e gosto.
sou visual. música, para mim, só existe com imagem. mas imagem sobrevive por si só.
amo as pessoas. até mesmo as que não gosto.
todas são um pontinho importante no mundo e ao meu lado. nunca estão só para preencher o espaço. são.
eu sou. ou é assim que penso ser?