CAP. I
Fazia calor. Culpa do asfalto e do cimento. Calor. E o céu branco ameaçava. A quem? Por ali vinham milhares. Corriam sobre as linhas tracejadas. Suavam. Agora não corriam mais. Já não choravam. Eram tantos. E pararam. Só o calor não parou. Tudo ficou ali, sem sentido. Já não havia espaço, já não havia por que. O caminho já não era. A paciência também não.
Um a um, os homens que caminhavam sentados, levantaram. Colocaram os pés no chão e decidiram ir andando. Cada um para seu caminho. Cada caminho pra seu lado. E todos sempre juntos. Quantas bobagens pensaram até ali. Quanta coisa que começava a mudar.
Esse era o momento que esperaram sempre sem saber. O fim que era começo. O medo. O desespero. O passo
Os pés seriam obrigados a suportar. A fome, a tremedeira, o medo, tudo tinha que ficar quieto. E quanto barulho. Agudo. Ensurdecedor. Enlouquecedor. O asfalto queimava, cheirava a borracha no fogo. Fedia. O suor derretia. O homem fazia barulho. Ou seriam os filhos do homem? Cansaço. Fadiga. Morte. Ali morreu muita gente. O darwinismo aplicado, a guerra.
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