poly, a meia.

o outro dia uma meia pequenina se perdeu na passarela do terminal bandeira.
quando passei ela estava chorosa, olhando os pés gigantes em busca de seu doninho. mal sabia a meia que este ainda não havia de saber andar, pois se via em seu tamanho 14 que muito chão ainda lhe faltava.
mas sem pés o que seria da pequena meia? de que vale uma meia se ela não passeia por ai?
pior ainda era saber que sua irmã esquerda tinha continuado o caminho e a essa altura já estaria no quentinho da sua casa e, tendo continuado sozinha, viraria um chaveiro ou uma capa charmosa de celular.
e ela?
só lhe restou chorar e esperar que algum pézinho descalço a desejasse, pois os pés desejam as meias e elas, desde bem pequenas, só o que querem é andar.
mas ela teve sorte. quando nasceu, a mamãe logo lhe deu um nome e escreveu bem grande: Poly. alguém há de lê-la, mas se assim não for, veremos em sua pequena lápide o dolorido escrito "Poly, 3 a 4 meses" e ao seu lado descansarão milhares de lupos, trifis e pukets que, como ocorre sempre no mundo das meias, nunca passarão dos 45.

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