São Paulo, BR, setembro de 2009.
A rosa.
A caminhonete vermelha levava um homem sozinho. Ao parar no farol se depara com um vendedor de rosas e não pensa duas vezes antes de comprar uma dúzia toda dos botões vermelhos. O vendedor lhe diz o preço e o galanteador tenta sempre pechinchar. Não consegue.
De dentro do ônibus meia dúzia de homens observa o acontecido.
O homem acaba comprando as rosas pelo preço que o vendedor impôs e leva as rosas aconchegadas no banco ao lado.
A meia dúzia de passageiros vibra ao imaginar uma noite de louco amor depois de um pedido de casamento ou perdão.
O homem, tolo completo, quis comprar barato sem perceber que, além das rosas, levava consigo a torcida de muitos outros homens que invejavam imensamente seu gesto de amor. Foi embora com o carro cheio.
(me questiono porque as histórias que tenho de rosas sempre carregam homens de boas intenções e bolsos vazios)
Do meu diário de viagem...
Cancun, MX, dezembro de 2007.
A rosa.
Ledo engano do destino forçar o encontro de dois corações tão diferentes numa mesma casa azul.
De brincadeira aprenderam a se gostar. Ele, de atitudes adultas, só presenteia quando o coração permite. Ela, criança nos sentimentos, adora dar presentes pelo puro prazer de ver a reação de quem os ganha. As vezes nada significam, as vezes são declarações, cabe a quem ganha adivinhar.
Mas naquele dia, o coração do menino disse sim. Passeando pelas ruas centrais de Cancun, viu passar um vendedor de flores. Levava rosas de todas as cores em uma cestaria típica mexicana e estampava as ruas com seu rosto indígena e seu cabelo liso e extremamente escuro. O garoto escolheu uma bem vermelha e, como de costume, pechinchou. Tomou a rosa em suas mãos e em seguida a passou para as mãos da garota. Arrependido pelo fato de ter querido economizar no presente, lhe pediu desculpas verdadeiras.
Ela, encantada pela ação, amou a rosa e o momento como nunca.
Dias depois iriam se separar, ela continuaria a viagem, ele voltaria para casa. Ao se despedirem as palavras de amor dele foram:
"Não jogue comida fora, economize dinheiro e tenha cuidado"
Ela, sem responder, lhe deu um abraço seguido de um beijo, aliviada por não ter mais que segurar sua alma quando ela queria voar. Ele voltou para seu mundo em busca de amores pechinchados. Ledo engano do destino juntar um coração empresário e um outro repentino.
A rosa.
Ledo engano do destino forçar o encontro de dois corações tão diferentes numa mesma casa azul.
De brincadeira aprenderam a se gostar. Ele, de atitudes adultas, só presenteia quando o coração permite. Ela, criança nos sentimentos, adora dar presentes pelo puro prazer de ver a reação de quem os ganha. As vezes nada significam, as vezes são declarações, cabe a quem ganha adivinhar.
Mas naquele dia, o coração do menino disse sim. Passeando pelas ruas centrais de Cancun, viu passar um vendedor de flores. Levava rosas de todas as cores em uma cestaria típica mexicana e estampava as ruas com seu rosto indígena e seu cabelo liso e extremamente escuro. O garoto escolheu uma bem vermelha e, como de costume, pechinchou. Tomou a rosa em suas mãos e em seguida a passou para as mãos da garota. Arrependido pelo fato de ter querido economizar no presente, lhe pediu desculpas verdadeiras.
Ela, encantada pela ação, amou a rosa e o momento como nunca.
Dias depois iriam se separar, ela continuaria a viagem, ele voltaria para casa. Ao se despedirem as palavras de amor dele foram:
"Não jogue comida fora, economize dinheiro e tenha cuidado"
Ela, sem responder, lhe deu um abraço seguido de um beijo, aliviada por não ter mais que segurar sua alma quando ela queria voar. Ele voltou para seu mundo em busca de amores pechinchados. Ledo engano do destino juntar um coração empresário e um outro repentino.
Joana
No caminho de todos os dias busco amoras maduras para adoçar o dia de maus humores.
Amora não encontro. Encontro amores em olhares perdidos. Encontro a fome, a falta de vontade e a Joana pequena.
Pousa em meu braço esquerdo a Joana, assustada quero espantá-la, mas quando olho bem e descubro suas pintinhas, não vejo um inseto, vejo toda minha infância.
Vejo quando no verão íamos ao clube e as Joanas ficavam perto da piscina, como que caçando novas aventuras. Eu as buscava, as impedia de ultrapassar meus dedos e, quando neles elas subiam, era uma pequena grande aventura que começava. Eu a investigá-la, ela a se divertir de dedo em dedo, de galho em galho, até que a liberdade a tomava por inteiro e suas asinhas batiam e, sem se despedir ia embora a Joana, procurando outro dedinho de menina para brincar.
A liberdade das Joanas deve ser como o máximo dos prazeres humanos, ou mais. Irresistível vôo sem rumo, incansáveis mil batidas de asas.
Acreditei, certa vez, que as Joanas são incumbidas de ser brinquedo de criança quando brinquedo não há. Depois esqueci.
Amora não encontro. Encontro amores em olhares perdidos. Encontro a fome, a falta de vontade e a Joana pequena.
Pousa em meu braço esquerdo a Joana, assustada quero espantá-la, mas quando olho bem e descubro suas pintinhas, não vejo um inseto, vejo toda minha infância.
Vejo quando no verão íamos ao clube e as Joanas ficavam perto da piscina, como que caçando novas aventuras. Eu as buscava, as impedia de ultrapassar meus dedos e, quando neles elas subiam, era uma pequena grande aventura que começava. Eu a investigá-la, ela a se divertir de dedo em dedo, de galho em galho, até que a liberdade a tomava por inteiro e suas asinhas batiam e, sem se despedir ia embora a Joana, procurando outro dedinho de menina para brincar.
A liberdade das Joanas deve ser como o máximo dos prazeres humanos, ou mais. Irresistível vôo sem rumo, incansáveis mil batidas de asas.
Acreditei, certa vez, que as Joanas são incumbidas de ser brinquedo de criança quando brinquedo não há. Depois esqueci.
O Sr. Verão (da série: Meu lado Peter Pan)
Esses dias conclui que o Sr. Verão deve morar bem perto de casa. Nunca o vi, mas o imagino saindo de manhã com seu terno engomado e seus cabelos dourados num corpo alto e esguio. Deve ser um cara viajado e charmoso, pois sempre que vai chegar de suas longas jornadas, as mulheres da vizinhança fazem ginástica e se preparam ansiosas por sua chegada. Até a mamãe, mulher bem casada, ousou dizer outro dia: "estou me preparando para a chegada do Verão" e saiu caminhando por ai em sua roupa esportiva.
Charmoso e rico há de ser, pois sua casa é enorme! Tem praia, piscina, campo de futebol, de volei e até sorveteria! Ah! E como é generoso! Deixa que todos usem sua praia, até eu já fui umas três vezes sem nem conhecer o rapaz.
Fato é, que quando ele viaja, todo mundo fica meio triste. É época de ficar em casa, ter gripe e sentir muito frio! E quando ele volta é uma festa danada! As pessoas enchem os parques, as praias e todo mundo pode usar bermudas e chinelos. As mulheres gostam tanto dele que, na tentativa de conquistá-lo, abusam dos decotes e das pernas de fora.
Já faz algum tempo que ele foi para sua última viagem, então já estamos todos na expectativa aqui no bairro. É que quando ele chega, as mães recebem sua ordem e deixam agente sair sem blusa, empinar pipa e andar descalço.
Ele é mesmo gente importante. Este ano vou pedir a mamãe que me leve para conhecê-lo. Chega logo Sr. Verão!!!!
Charmoso e rico há de ser, pois sua casa é enorme! Tem praia, piscina, campo de futebol, de volei e até sorveteria! Ah! E como é generoso! Deixa que todos usem sua praia, até eu já fui umas três vezes sem nem conhecer o rapaz.
Fato é, que quando ele viaja, todo mundo fica meio triste. É época de ficar em casa, ter gripe e sentir muito frio! E quando ele volta é uma festa danada! As pessoas enchem os parques, as praias e todo mundo pode usar bermudas e chinelos. As mulheres gostam tanto dele que, na tentativa de conquistá-lo, abusam dos decotes e das pernas de fora.
Já faz algum tempo que ele foi para sua última viagem, então já estamos todos na expectativa aqui no bairro. É que quando ele chega, as mães recebem sua ordem e deixam agente sair sem blusa, empinar pipa e andar descalço.
Ele é mesmo gente importante. Este ano vou pedir a mamãe que me leve para conhecê-lo. Chega logo Sr. Verão!!!!
cansada do som da máquina de costura, respiro fundo e me levanto. ao olhar pela janela cinzenta, os prédios altos, a movimentação dos carros e o vai e vem das pessoas percebo que esse caos não me invade mais.
a mudança de ares, tão rápida e radical, que antes me sufocava, agora abre os pulmões. sou parte do caos, estou no meio do furacão. ao invés de fechar os olhos encaro tudo com curiosidade.
a mudança de ares, tão rápida e radical, que antes me sufocava, agora abre os pulmões. sou parte do caos, estou no meio do furacão. ao invés de fechar os olhos encaro tudo com curiosidade.
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